Castelo de Évora

Freguesia de Évora

Castelo de Évora
Distrito Évora
Concelho Évora
Freguesia
Área 1 307,08
Habitantes 56 596 (2011)
Densidade 43,3 hab./km²
Gentílico Eborense
Construção ( )
Reinado D. Afonso IV
Estilo ( )
Conservação ( )

Évora e sua região circundante tem uma rica história que recua mais de cinco milénios, como demonstrado por monumentos megalíticos próximos como a Anta do Zambujeiro e o Cromeleque dos Almendres. Alguns povoados neolíticos desenvolveram-se na região, o mais próximo localizado no Alto de São Bento. Outro povoado deste tipo é o chamado Castelo de Giraldo, habitado continuamente desde o 3º milénio até ao primeiro milénio antes de Cristo e de esporádica ocupação na época medieval. Escavações arqueológicas, porém, não demonstraram até agora se a área da actual cidade era habitada antes da chegada dos romanos.

Segundo uma lenda popularizada pelo humanista e escritor eborense André de Resende (1500-1573), Évora teria sido sede das tropas do general romano Sertório, que junto com os lusitanos teria enfrentado o poder de Roma. O que se sabe com elevado grau de certeza é que Évora recebeu de Júlio César ou Octávio o nome de Liberalitas Júlia e que foi elevada por Vespasiano à categoria de município. A origem etimológica do nome Ebora é provavelmente proveniente do celta antigo ebora/ebura, caso genitivo plural do vocábulo eburos (teixo), nome de uma espécie de árvore, pelo que o seu nome significa "dos teixos". A actual cidade de Iorque (York), no Norte de Inglaterra, na época do Império Romano, era denominada Eboracum/Eburacum, nome derivado do celta antigo Ebora Kon (Lugar [carece de fontes] dos Teixos), pelo que o seu nome antigo está hipoteticamente relacionado com o da cidade de Évora. Na época de Augusto (r. 27 a.C.-14 d.C.), Évora foi integrada à Província da Lusitânia e beneficiada com uma série de transformações urbanísticas, das quais o Templo romano de Évora - dedicado provavelmente ao culto imperial - é o vestígio mais importante que sobreviveu aos nossos dias, além de ruínas de banhos públicos. Na freguesia da Tourega, os restos bem-preservados de uma villa romana mostram que ao redor da cidade existiam estabelecimentos rurais mantidos pela classe senhorial. No século III, num contexto de instabilidade do Império, a cidade foi cercada por uma muralha da qual alguns elementos existem até hoje. Segundo Jorge de Alarcão, Ebora foi a cidade lusitana com o maior número de famílias de origem romana, sendo os Júlia, Calpúrnia, Canídia e Catínia algumas das mais destacadas.

Antecedentes

Brasão de Évora

Embora se acredite que a primitiva ocupação do sítio da atual Évora remonte à pré-história, o seu povoamento alcançou expressão à época da Invasão romana da Península Ibérica, quando ali existiu um ópido denominado Ebora Cereal (em latim: Eboras Cerealis).

Fiel ao imperador Júlio César, atingiu maior importância regional, quando recebeu importantes obras públicas, passando a ser designada como Liberalidade Júlia (c. 60 a.C.), conforme o testemunham os importantes vestígios arqueológicos entre os quais se destacam as ruínas de um templo em honra ao Imperador e os vestígios de muralhas no Largo da Misericórdia e junto ao Passeio de Diana.

Com o advento do cristianismo, a cidade tornou-se sede de um bispado desde o século IV. A sua importância manteve-se à época do domínio dos Visigodos, quando se tornou um centro de amoedação. Nesse período, as suas defesas foram ampliadas, conforme o testemunham três das torres então erguidas, entre as quais a chamada Torre de Sisebuto. As suas feições não foram sensivelmente alteradas durante o posterior domínio Muçulmano.

O castelo medievalseta_baixoseta_cima

À época da Reconquista cristã da península, Évora foi inicialmente tomada pelas forças de D. Afonso Henriques (1159). Retomada em pouco tempo pelos Muçulmanos, a sua conquista definitiva só seria alcançada pelo lendário Geraldo Sem Pavor, em 1165, com o auxílio dos primeiros cavaleiros da Ordem de Calatrava, fundada em Castela dois anos antes, e que, em Portugal, receberam o nome de Frades de Évora por aqui terem se estabelecido. Documentos indicam que já em 1181 estes monges-cavaleiros eram denominados como Ordem de Évora, vindo a se denominar, cerca de meio século mais tarde Ordem de Avis, quando elegeram aqueles domínios por sede.

Durante o reinado de D. Sancho I (1185-1211), foi com o auxílio destes cavaleiros que a cidade resistiu ao assalto das forças do Califado Almóada comandadas por Iacube Almançor (1191), quando as fronteiras portuguesas foram empurradas até à linha do rio Tejo.

Embora se atribua o início de significativas obras de ampliação das defesas de Évora ao reinado de D. Dinis (1279-1325), é mais correto atribuí-las ao de D. Afonso IV (1325-1357), monarca que aqui residiu por largos períodos e de onde partiu para a batalha do Salado (1340). Documentos na Chancelaria de D. Pedro I (1357-1367) são os primeiros a mencionar a cerca da vila, referindo trabalhos na barbacã, fossos e muros. Essas obras estariam concluídas à época do reinado de D. Fernando (1367-1383), o que leva alguns autores a referirem a defesa externa da vila como cerca fernandina. Neste reinado é pela vez documentalmente referida a Porta do Raimundo (1373).

Afirma-se que por influência de D. Leonor Teles, esteve detido no Castelo de Évora, em 1382, o filho bastardo de D. Pedro I, D. João, Mestre da Ordem de Avis, supostamente acusado de uma conspiração contra o monarca, urdida com a colaboração de Gonçalo Vasques de Azevedo. D. João só conseguiu obter a liberdade apelando à intercessão do conde de Cambridge, filho de Eduardo III de Inglaterra e irmão do duque de Lencastre, comandante das tropas inglesas então em Portugal devido às pretensões de D. Fernando ao trono de Castela.

Com a eclosão da crise de 1383-1385, o alcaide-mor do castelo, Álvaro Mendes de Oliveira, tomou o partido de D. Leonor:

...logo em esse dia Diogo Lopes Lobo e Fernão Gonçalves d´Arca, e João Fernandes, seu filho, que eram uns dos grandes que aí havia, e levantaram e foram combater o castelo, subindo em cima da Sé, e isso mesmo do açougue, que são lugares altos, e dali atiravam muitos virotões aos que estavam no castelo, o qual era muito forte de torres e muro e cercado de cava e mui mau de tomar sem grande trabalho. E por os fazerem render mais asinha, tomaram as mulheres e os filhos dos que dentro estavam e puseram-nos em cima de senhos carros, todos amarrados, que eram um jogo que os meudos em semelhante caso muito costumavam fazer; e chegaram assim à porta do castelo bradando aos de cima que saíssem fora e o desamparassem, senão que as mulheres e filhos lhes queimariam todos. (Fernão Lopes. Crónica de D. João I)

Obtida a rendição por este estratagema, foi o castelo objeto de depredações, vindo a população a chacinar todos os que, comprovadamente ou não, considerassem partidários da rainha. Entre os que assim pereceram, destacou-se a abadessa das freiras de São Bento, impiedosamente arrastada da , onde se refugiara.

A antiga cerca foi ampliada no reinado de D. Afonso V (1438-1481), registando-se o desvio dos impostos arrecadados para outros fins: desse modo, em 14 de abril de 1445, determinou-se gastar 15.000 reais brancos em vestimentas para o Senado, quando da recepção de D. Joana, rainha de Castela; posteriormente, em 1449, o soberano não autorizou que os impostos lançados para a fábrica do muro se aplicassem em pontes e caminhos.

No século XVI, o primitivo vão, de arco perfeito de silharia, que permitia o acesso a Norte da cerca, foi substituído por outro, dadas as acanhadas dimensões do primeiro. Ainda nesse século, a Porta da Alagoa foi cedida por D. Sebastião (1568-1578) para miradouro das freiras do Convento de Santa Helena do Monte Calvário (1571).

Da Guerra da Restauração aos nossos diasseta_baixoseta_cima

No contexto da Guerra da Restauração, as defesas de Évora foram modernizadas, recebendo linhas abaluartadas, transformando-se numa Praça-forte. Veio a cair, entretanto, diante do assédio e assalto das forças castelhanas sob o comando de D. João de Áustria (Maio de 1663, ocasião em que a Porta da Alagoa foi arruinada), para ser reconquistada um mês depois, a 24 de Junho, pelas tropas portuguesas.

À época da Guerra Peninsular, insuficientemente guarnecida e com falta de munições, não teve sucesso na resistência à investida das tropas francesas sob o comando do general Louis Henri Loison.

Ainda nesse século, o vão quinhentista que permitia o acesso a Norte foi demolido e substituído pelo atual, por onde passa o tráfego da estrada de Évora a Arraiolos (1845); posteriormente, a Porta do Raimundo foi demolida e substituída (1880).

As suas defesas (ver Muralhas de Évora) encontram-se classificadas como Monumento Nacional por Decreto publicado em 4 de Julho de 1922.

Em 1945 foi quase que integralmente refeito o pequeno cubelo a Sudoeste.

Em finais de 1993 iniciaram-se os trabalhos de abertura, na muralha entre os dois cubelos a Sudoeste, perto do Postigo dos Penedos, de uma porta de mármore bujardado, marcando nitidamente a contemporaneidade da obra, para ligação pedonal entre a zona Oeste extramuros e o Centro Histórico da cidade.

Évora, que alguns definiram como cidade-museu, é testemunho de diversos estilos artísticos, dotada que foi, ao longo do tempo, de obras de arte. Desse modo, desde 1986, o seu conjunto encontra-se classificado como Património Comum da Humanidade, pela UNESCO.

Característicasseta_baixoseta_cima

A muralha da cidade, com características da baixa Idade Média, mantém-se nas suas linhas essenciais, com troços bem conservados e elementos arquitectónicos significativos. Destacam-se a chamada Porta de Avis (referida em 1353), a Porta de Mendo Estevens (Porta do Moinho de Vento), a Porta da Alagoa (defendida por uma torre), a Porta de Alconchel (a principal da cidade, protegida por dois grandes torreões). O troço de muralha entre as Portas da Alagoa e do Raimundo manteve-se íntegro durante as épocas posteriores, não sendo alterado nas campanhas de obras dos séculos XVII e XVIII. A Porta da Alagoa, entretanto, encontra-se atualmente muito descaracterizada por reedificações sucessivas. A chamada Porta do Raimundo, demolida em 1880, foi reconstituída como uma composição revivalista.

Acontecimentos da época

1302 - 26 de setembro — Os templários perdem a ilha de Ruad que se torna assim o último reduto dos cruzados na Terra Santa.

1305 - Os templários são ameaçados na França pelo rei Filipe, o Belo.

1307 - As actividades de Portugal no chamado "Mar Oceano" iniciaram-se com o rei D. Dinis I de Portugal, a partir da nomeação do Almirante-mor, Nuno Fernandes Cogominho, sucedido pela contratação do Genovês Manuel Pezagno), a 1 de Fevereiro de 1317, para o cargo. Com efeito, os portulanos Genoveses conhecidos até essa data, não fornecem qualquer indicação sobre ilhas no Mar Oceano.

 - Fundação do Estudo Geral, d. 1537 Universidade de Coimbra.

1308 - 9 de Março - Primeiro foral à Póvoa de Varzim por D. Dinis de Portugal que manda instalar uma "póvoa" nas suas terras em Varazim.
 - A Universidade de Coimbra foi instalada em Coimbra, no Paço Real da Alcáçova.

1309 - 12 de setembro — casamento do infante D. Afonso, futuro rei D. Afonso IV de Portugal com Beatriz de Castela.

1319 - 14 de Março - instituída canonicamente Ordem da Milícia de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou Ordem de Cristo, fundada pela bula "Ad ea ex quibus" Papa João XXII.

1310 - 6 de Abril - Os Escoceses reafirmam a sua independência ao assinar a Declaração de Arbroath.

1323 - D. Dinis confronta-se com D. Afonso IV no que se passou a designar como Batalha de Alvalade, que seria interrompida antes do seu início pela Rainha Santa Isabel

1336 - 6 de Fevereiro - Casamento por procuração do herdeiro do trono português D. Pedro, o Justiceiro, com Constança Manuel.

1337 - A Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente de um herdeiro direto.

1344 - Lisboa e grande parte do resto de Portugal é atingida por um terramoto de grande intensidade, de que existem referências escritas da época a mencionar grandes estragos.

1347 - A peste negra surge na Europa, proveniente da colónia genovesa de Teodósia, na Crimeia. Os navios genoveses levaram a epidemia primeiro para Constantinopla (maio) e Messina em setembro. Em novembro Génova e Marselha já tinham sido atingidas.

1356 - Lisboa e toda a zona limítrofe é atingida por um terremoto.

1357 - O sudário de Turim é exibido pela primeira vez.
 - Pedro I torna-se rei de Portugal.

1360 - 12 de junho — Declaração de Cantanhede, na qual o rei Pedro I de Portugal declara ter casado com Inês de Castro.

1364 - O futuro rei João I de Portugal é feito Grão Mestre da Ordem de Aviz, quando tinha 6 anos.

1367 - 18 de janeiro - Fernando I de Portugal sucede a seu pai Pedro I de Portugal.

1369 - Coroação do rei Fernando I de Portugal.

1372 - 5 de janeiro - O rei Fernando I de Portugal faz doação da Vila de Torres Vedras a Dona Leonor Teles de Meneses com quem vai casar a 15 de maio no Mosteiro de Leça do Bailio.