Castelo de Ansiães

Freguesia de Selores

Castelo de Ansiães
Distrito Bragança
Concelho Carrazeda de Ansiães
Freguesia Selores
Área 8,19 km²
Habitantes 141(2011)
Densidade 17,2 hab./km²
Gentílico Carrazedense
Construção ( )
Reinado ( )
Estilo Militar
Conservação ( )

O concelho tinha sede na antiga vila de Ansiães; as suas ruínas, a sul da actual sede concelhia, situam-se no alto de uma colina, cerca da aldeia de Lavandeira. O concelho obteve foral em 1075, tendo o estatuto de vila sido confirmado por alvará de D. João V de 6 de Abril de 1734. No século XIX a sede concelhia foi transferida de Ansiães para Carrazeda, e a antiga vila foi abandonada.

O concelho de Carrazeda de Ansiães é uma terra antiga, variada e acolhedora que se estende por um território que possui uma das mais antigas demarcações com referências escritas na história do nosso país. Aqui, estamos num dos mais ancestrais concelhos portugueses, tendo a sua área territorial sido demarcada por volta do séc. XI, altura em que o rei leonês, Fernando Magno, lhe outorgou carta de foral. Desde esse período, Ansiães marcou toda a história do Nordeste Transmontano, estabelecendo-se nesta região como uma das mais importantes fortalezas da margem direita do rio Douro.

O concelho desenvolve-se num interfluvial, estando demarcado a Sul e a Oeste pelos encaixados vales dos rios Douro e Tua e a Norte e Nordeste pela amplidão de um planalto, onde emerge uma paisagem mais uniforme e aquietada. O que marca esta circunscrição territorial e administrativa é, sem dúvida, a sua grande diversidade paisagística e os indeléveis testemunhos do seu rico passado histórico.

De Foz Tua, ponto de encontro dos dois cursos fluviais, sobe-se, em cerca de meia hora, para a vila, sede do atual concelho. Neste percurso, com pouco mais de 15 quilómetros, experimenta-se uma verdadeira sensação de mudança. Num curto espaço de tempo, o xisto dá lugar ao granito, a vinha e a oliveira dão lugar ao castanheiro e à macieira, e o relevo deixa de ser agreste, abrupto, quase dramático, para se aquietar numa extensão aberta e calma, de silêncio e paz.

Antecedentes

Brasão de Carrazeda de Ansiães

Com uma implantação geográfica que lhe confere excelentes condições naturais de defesa, o Castelo de Ansiães surge-nos com uma história milenar, cujo início se fixa por volta do IIIº milénio A.C. Em posição dominante sobre um maciço de granito, originalmente com função defensiva, afastado da povoação, no vale do rio Douro, integra a Região de Turismo Douro Sul.

A primitiva ocupação humana do seu sítio remonta ao Calcolítico, por diversos povos sucessivamente, passando pelos Romanos até aos Muçulmanos, aos quais se deve o primitivo amuralhamento da povoação, tendo sido totalmente abandonada por volta do século IX.

O castelo medievalseta_baixoseta_cima

Em meados do século XI, à época da Reconquista cristã da Península Ibérica, a povoação inscrevia-se nos domínios do reino de Leão, quando recebeu, em 1055, 1057 ou 1065, Carta de Foral do rei Fernando Magno, visando o seu repovoamento.

Integrante dos domínios de Portugal, esse foral foi confirmado, em 1160, pelo rei D. Afonso Henriques (1112-85) e, sucessivamente, em 1198 por D. Sancho I (1185-1211), em 1219 por D. Afonso II (1211-23) e, em 1510, por D. Manuel I (1495-1521). O crescimento da vila e sua importância regional foram reconhecidos pela Carta de Feira, recebida em 1277 de D. Afonso III (1248-79). Alguns autores sustentam que, possívelmente, parte expressiva de sua cerca amuralhada teria sido erguida sob o reinado de D. João I (1385-1433).

Do século XV aos nossos diasseta_baixoseta_cima

Aqui nasceu o valoroso Lopo Vaz de Sampaio, capitão de Cochim (1524-1526) e Governador-Geral do Estado português na Índia (1526-1529).

Em algum momento do século XVII ou após, a estrutura recebeu obras de modernização, das quais conhecemos o chamado Fortim do Cubo e o revelim. Chegaram-nos ainda os nomes da Torre dos Lameiros, da Torre do Sol, da Porta de São Francisco, da Porta de São João e da Porta da Fonte Vedra. A partir de então, a povoação e sua defesa perderam espaço para outros centros da região, processo que se acentuou nos séculos seguintes, culminando com a sua ruína.

No início do século XX, foi classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910. Na década de 1960 sofreu intervenção de consolidação e restauro, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN).

Atualmente o imóvel encontra-se afeto à Direcção Regional do Porto do Instituto Português do Património Arquitectónico (DRP-IPPAR). Diante do seu estado geral, bastante degradado, foram empreendidas novas obras no âmbito de um projeto de recuperação do castelo e da vila, orçados em 800 mil Euros (recursos do IPPAR, com uma participação comunitária de 75%), cuja primeira fase deverá estar concluída e disponível ao público até ao final de 2006, através de visitas guiadas. Um Centro de Recepção de Turismo está sendo erguido extra-muros, junto à Igreja de São João Baptista e, futuramente, o espólio recolhido pelos trabalhos de prospecção arqueológica será exibido nas instalações de um Centro Interpretativo, a ser edificado no centro histórico, pela Câmara Municipal.

Característicasseta_baixoseta_cima

Este castelo medieval distribuía-se dentro de uma muralha de planta ovalada, reforçada por cinco torreões quadrangulares, duas das quais defendendo o portão principal, a chamada Porta de São Salvador. Além da torre de Menagem, dividida internamente em dois pavimentos, o superior rasgado por janelas, este perímetro abrigava a cisterna do povoado circundante, podendo ser observados, ainda hoje, os alicerces de antigos edifícios, arcos, cunhais e vergas. A única edificação preservada é a pequena Igreja de São Salvador de Ansiães, em estilo românico.

Fora dos muros do castelo distribuía-se a zona urbana, delimitada por um segundo muro exterior com extensão superior a 600 m, reforçado por três torres quadrangulares. Dessa cerca externa restam apenas alguns troços dos setores leste e sul. No total, o conjunto do castelo ocupa uma área aproximada de 9.594 hectares.

Acontecimentos da época


1101 - Delimitação papal das fronteiras da Diocese de Coimbra.

 - Chega à Terra Santa a segunda vaga de cruzados da primeira cruzada

1102 - Batalha de Arouca.

1103 - Batalha de Vatalandi, perto de Santarém, entre muçulmanos e cristãos.

 - Soeiro Mendes e D. Teresa substituem, no governo de Portucale, o conde D. Henrique, ausente em Roma ou em Jerusalém.

 - Afonso VI de Castela coroado.

 - Afonso I de Aragão casa-se com Urraca , filha de Afonso VI de Leão e Castela.

1112 - Afonso Henriques herda do pai o Condado Portucalense, mas a mãe, Teresa de Leão, quem governa como regente.

1121 - D. Afonso II entra em Portugal , em missão de soberania, no séquito da mãe, D. Urraca.

1123 - Viseu - condes D. Teresa e D. Henrique que, em 1123 lhe concedem um foral.

1126 - Afonso VII de Castela torna-se Imperador de Castela e Leão, pela morte da sua mãe D. Urraca.

1127 - Cerco do Castelo de Guimarães.

 - D. Afonso Henriques passa a controlar o Condado Portucalense.

 - Conquista por D. Afonso Henriques dos castelos de Neiva e Feira, na terra de Santa Maria, a sua mãe D. Teresa.

1129 - Entrega, por D. Afonso Henriques aos Templários, do Castelo de Soure, que defendia a cidade de Coimbra das invasões sarracenas vindas do sul.

1130 - Invasão da Galiza por D. Afonso Henriques.