Castelo de Loulé

Freguesia de São Clemente

Castelo de Loulé
Distrito Faro
Concelho Loulé
Freguesia São Clemente
Área 46,2 km²
Habitantes 17 358 (2011)
Densidade 375,7 hab./km²
Gentílico Louletano
Construção ( )
Reinado ( )
Estilo ( )
Conservação ( )

Com o valioso contributo da arqueologia, sabe-se, hoje, que a presença do homem no Concelho de Loulé remonta ao Paleolítico Antigo. Nos milénios seguintes, no período da Era dos Metais, intensifica-se a incursão dos povos do Mediterrâneo Oriental, que progressivamente penetram no Sudoeste Peninsular, culminando com a chegada dos fenícios e dos cartagineses. Estes fundaram as primeiras feitorias na orla marítima do território do actual concelho, promovendo a pesca, a prospecção da metalurgia e a actividade comercial.

Antiguidade e Alta Idade Média: A partir dos meados do século II a.C., após a Segunda Guerra Púnica, os Romanos dão novo impulso às actividades económicas desenvolvendo a indústria conserveira, a agricultura e a exploração mineira do cobre e do ferro.

Período Muçulmano: Com a conquista dos Muçulmanos, no século VIII, nasce a urbe medieval, que virá a gerar a cidade histórica actual. Al-'Ulya' (Loulé) é-nos descrita, pela primeira vez, nas vésperas da reconquista cristã, nas crónicas árabes de Ibne Saíde e Abd Aluhaid, como sendo uma pequena Almedina (Cidade) fortificada e próspera, pertencendo ao Reino de Niebla, sob o comando do Taifa Ibne Mafom.

Reconquista Cristã: Em 1249, Dom Afonso III auxiliado por D. Paio Peres Correia, Cavaleiro e Mestre da Ordem de Santiago, conquista o Castelo de Loulé aos "mouros", fazendo a sua integração plena na Coroa Portuguesa, no momento em que concede o primeiro foral à "Vila" em 1266.

Descobrimentos: No período dos "Descobrimentos e Expansão Marítima", a região do Algarve, nomeadamente Loulé, inicia um novo ciclo de crescimento económico. A actividade comercial foi reanimada.

Século XVIII: Na primeira metade do século, durante o reinado de Dom João V, Portugal viveu um clima de prosperidade económica sustentado pelo ouro do Brasil. Tirando proveito da actividade artística e cultural inserida no espírito do Barroco, o interior das igrejas e capelas da vila são enriquecidas e valorizadas com excelentes retábulos em talha dourada e em azulejaria, obras que foram executadas pelos melhores artífices da região e fábricas do país. O terramoto de 1755 destruiu grande parte da Vila de Loulé.

Século XIX: A grande evolução dos transportes, com a construção da linha férrea no Algarve em 1887 e o desenvolvimento das vias de comunicação, contribuíram no seu conjunto para a profunda mudança no modo de viver da população. No entanto, algumas infraestruturas e equipamentos básicos só no decorrer do século XX passaram a ser equacionados de forma prioritária.

Século XX: O crescimento da cidade apoiou-se numa nova melhoria das vias de comunicação e na exploração mineira, a qual atraiu mais gente a Loulé, o que se traduziu numa acelerada actividade de construção civil em todo o concelho.

Antecedentes

Brasão de Loulé

A primitiva ocupação humana do sítio de Loulé remonta à pré-história, conforme os testemunhos arqueológicos.

Durante a antiguidade, intensificaram-se os contatos dos povos da região com navegadores Fenícios e Cartagineses, que fundaram as primeiras feitorias na orla marítima do Concelho (Carteia), incrementando a atividade piscatória e comercial, além da prospecção de metais. Do período da Invasão romana da Península Ibérica chegou-nos o testemunho de uma ara votiva reutilizada na torre da igreja matriz.

A partir do século VIII, com a Invasão muçulmana da Península Ibérica, forma-se Al’-Ulyã, referida, às vésperas da Reconquista cristã, nas crônicas de Ibne Saíde e Abd Aluhaid, como uma pequena almedina fortificada e próspera, pertencendo ao Reino de Niebla, sob o comando do Taifa Ibne Mafom. Dessa estrutura almóada resta-nos a torre albarrã, em taipa (Torre da Vela).

O castelo medievalseta_baixoseta_cima

Em 1249, no dia de São Clemente, as forças de D. Afonso III (1248-1279) conquistaram a povoação com o auxílio dos cavaleiros da Ordem de Santiago, sob o comando do Mestre D. Paio Peres Correia. Elevada a sede de Concelho pelo foral de 1266, D. Dinis doou a povoação e seus domínios à Ordem de Santiago (1280), dotando-a posteriormente de uma grande feira, com duração de quinze dias, no mês de Setembro (1291).

No contexto da crise de 1383-1385, a vila também enfrentava dificuldades, conforme o testemunho do Camareiro-mor João Afonso, segundo o qual Loulé estava bastante despovoada, o seu castelo estava ermo de muralhas e no seu interior existiam bastantes pardieiros (Actas de Vereação, 1385). Reporta ainda que corria no Concelho a notícia de que as forças de Castela se preparavam para entrar em Portugal. Diante da gravidade da informação e para precaver um eventual ataque, a Vereação decidiu reparar a torre que encimava a Porta de Faro e levantar as muralhas e ameias do flanco sul da cerca da vila. Sensível a este estado de coisas, D. João I (1385-1433) concedeu privilégios especiais à população do termo da Vila para habitar o interior da Cerca e doou o pardieiro em frente à Igreja de São Clemente, para construção de um adro.

Com o ciclo dos Descobrimentos portugueses, a região do Algarve, vivenciou um novo surto de crescimento econômico, do qual também Loulé se beneficiou, exportando vinho, azeite, frutas e peixes secos e sal. Graças a esses recursos, a partir de 1422, as muralhas do castelo foram reedificadas por D. Henrique de Meneses, 1º conde de Loulé.

Durante a Dinastia Filipina, no levantamento das defesas algarvias efetuado entre os anos de 1617-1618 pelo engenheiro-militar e arquitecto napolitano Alexandre Massai, o Castelo de Loulé consta como apresentando a maior parte dos muros em taipa danificados e ruídos (Descripção do Reino do Algarve..., 1621).

Da Restauração aos nossos diasseta_baixoseta_cima

Após a Restauração da independência, diante da evolução da artilharia, o Castelo perdeu o seu valor defensivo. Desse modo, o crescimento urbano gradativamente foi absorvendo os antigos muros, processo que se acelerou a partir dos danos impostos pelo terramoto de 1755, que destruiu a maior parte da vila. As torres do castelo desabaram, assim como grandes troços da muralha. A reconstrução da malha urbana privilegiou os setores residenciais, onde solares e palacetes passaram a se destacar.

No século XIX, foram loteadas e ocupadas para fins residenciais e comerciais as áreas adossadas às muralhas do Castelo, das quais foram demolidos alguns troços.

Os remanescentes do castelo encontram-se classificados como Monumento Nacional por Decreto publicado em 28 de Junho de 1924.

Após os trabalhos de conservação e restauração desenvolvidos no século XX, o conjunto no interior do castelo é utilizado como museu arqueológico e como biblioteca municipal.

Característicasseta_cima

O castelo ergue-se num dos vértices da cerca medieval da cidade. Esta cerca definia um perímetro com uma área de, aproximadamente, cinco hectares, considerada extensa para a época, e que podemos dividir em dois núcleos principais:

  • - a Alcáçova, espaço eminentemente militar; e
  • - a Medina, essencialmente civil e administrativo.

Os remanescentes desse conjunto consistem em três torres, uma das quais albarrã, definindo um dos troços da muralha a Nordeste, que funcionaria como limite da alcáçova. Em plano inferior, a chamada Rua da Barbacã sugere que aqui teria se erguido este tipo de estrutura, paralela às muralhas, talvez desaparecida para a abertura do arruamento.

Da primitiva Medina restou uma torre de planta quadrangular, originalmente o minarete da mesquita muçulmana, adaptada, após a cristianização, como torre sineira da Igreja de São Clemente.

Acontecimentos da época

803 - Rutura entre Carlos Magno como Imperador do Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente.

805 - O imperador de Bizâncio Nicéforo I sofre uma pesada derrota na batalha contra os sarracenos em Crasus.

811 - Batalha de Virbitza entre o Clã Búlgaro Kroum e o Império Bizantino.

812 - Tratado de paz entre o Imperador Carlos Magno e Império mpério.

814 - Fim do Reinado de Carlos Magno.

822 - Abd al-Rahman II é nomeado Califa de Córdova (822 a 852).

824 - Luís I, o Piedoso, impõe a sua autoridade aos Estados papais.

- Batalha entre Abd-El-Raman III Califa de Córdova e o Conde Hermenegildo em Rio Tinto (Gondomar)

827 - Início da conquista da Sicília pelos Sarracenos.

833 - Aparição de Nossa Senhora da Abadia, também conhecida por Nossa Senhora do Bouro.

- Luís I, o Piedoso , julgado, condenado e deposto pelos filhos.

839 - Expedição de Afonso II das Astúrias à região de Viseu.

842 - Início do Reinado de Ramiro I das Astúrias que alarga o reino asturiano a Navarra.

- Juramento de Estrasburgo: primeiro texto em francês e em alemão.

844 - Os Normados atacam a Península Ibérica com incursões a Lisboa, Beja e Algarve.

845 - Cerco de Paris pelos normandos.

- Destruição de Hamburgo pelos dinamarqueses.

- Início das perseguições ao budismo na China.

905 - O astrônomo persa Azofi descobre a Galáxia de Andrômeda.

910 - Partilha do Reino das Astúrias entre os filhos de Afonso III de Leão, Garcia I de Leão, Fruela II das Astúrias e Ordonho II da Galiza. Este último tem o apoio dos condes portucalenses.